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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Capitulo 1


O medo espalhado por todo o meu corpo impedia das minhas pernas correrem o mais rápido possível daquela casa onde sofria. Onde eu sofria por mim, pela minha mãe e por tudo o que o meu pai nos fazia passar.

Eu corria sem parar para não sentir mais uma vez a dor de ser agredida por um pai bêbado e ver a minha mãe chorando num canto, completamente amedrontada enquanto eu era espancada pelo o meu próprio pai enquanto ele me culpava por toda a miséria que estávamos passando.

Minha vida? Quem disse que eu tinha vida!

Amigos? As pessoas fugiam de mim como eu poderia ter amigos!

Namorado? Nunca namorei na minha vida, nunca soube o que é o amor sem ser amor de mãe.

Sonhos? Já os tive, mas agora estavam perdidos numa dimensão paralela aquela que eu vivia agora.

Futuro? Será que eu ainda podia pensar num futuro com tudo o que se passava comigo? Não claro que eu não podia!

Presente? O presente era um tempo doloroso que eu fazia questão de vivê-lo sem guardar qualquer recordação.

Família? Somente minha mãe fazia parte da minha família, meu pai era somente uma peça do jogo que nós tínhamos que aguentar no nosso dia á dia.

Não sei á quanto tempo eu dou um sorriso verdadeiro ou sei o que é sentir aquele formigueiro na boca do estomago quando algo de bom nos acontece. Muito menos sei o que é um beijo apaixonado ou ser abraçada por uma amiga verdadeira.

Sonhos todos nós os temos, quem não os tem não é mesmo? Desde criança eu sonhei ser uma grande advogada e ter um marido fiel que me amasse e que me respeita-se pelo que eu sou e uma família enorme com muitos filhos e sobrinhos para eu mimar e amar. Mas sonhos são sonhos e eu aprendi isso cedo demais.

Sempre vive para ajudar os meus pais... Quer dizer minha mãe. Aos 14 anos eu já sabia que meu futuro tão desejado e feliz não passava de mais uma fantasia de uma menina que um dia soube sorrir para um novo dia e que via o mundo com uns olhos sonhadores e desejosos pelo futuro. Desde os meus 14 anos eu sabia que minha vida de princesa feliz acabava ali.
Meu pai passou a beber e a bater na minha mãe e quando ela já pedia clemência para ele parar era a minha vez de apanhar até a exaustão ou até ele se sentir satisfeito com o trabalho feito em minhas costas. Aprendi a apanhar sem chorar, berrar ou pedir para que para-se.

Eu acabava sempre por ter que ficar em casa para me recuperar e ele exigia que mesmo machucadas ele tivesse seu jantar, almoço e aperitivos todos os dias á mesa na mesma hora e se não tivesse agente apanhava de novo ou pior ficávamos sem comer enquanto ele e os seus amigos bebiam e comiam vendo partidas de futebol na televisão lá de casa. Alguns de tão bêbados que estavam acabavam sempre por tentar alguma coisa com a minha mãe, mas meu pai como um verdadeiro homem possessivo não deixava ninguém tocar na sua mulher ou na sua filhinha. Mas quem disse que isso servia de alguma coisa quando logo depois de todos irem embora a culpa era nossa por andáramos muito pouco vestidas.

Hoje foi a gota d´água para mim.

Minha mãe ela me obrigou a deixa-la para trás e fugir de casa para nunca mais voltar. Peguei nas poucas coisas que eu tinha e sai correndo sem destino. Em minha mochila carregava apenas algumas roupas, alguma comida que minha mãe me havia dado e dinheiro aquele que ela havia juntado para eu poder mais tarde ir para a faculdade.

Depois de me despedir de minha mãe e de minha tia-avó apenas corri!

Corri até todas as minhas forças ficarem esgotadas, mas mesmo assim corri, minhas pernas é que me guiavam para longe dali eu não tinha destino certo, eu só queria sair dali o mais rápido possível.

Minha respiração já saia em arquejos, minhas lágrimas rolavam e meus pés descalços ardiam pelo o esforço e pelo o solo áspero que eu calcava durante a minha corrida desesperada.

Sem mais forças acabei tropeçando e caindo em frente a um enorme portão e me deixei ali ficar. Eu estava tão cansada que eu não conseguia nem me levantar daquele chão frio e molhado. Minhas lágrimas desciam sem parar enquanto eu termia de frio e de medo contra a aquele portão de aço frio ao qual eu me encostei.

Em minha mente passavam várias formas de poder sair do país ou até mesmo de me sustentar enquanto eu estava perdida no mundo sem qualquer tipo de ideia do que eu poderia fazer da minha vida. Minha nova vida.

Minha mente estava perdida á procura de respostas para o meu problema que acabei me perdendo no tempo, mas logo despertei assim que ouvi uma buzina soar e uma luz forte me cegar. O medo pelo desconhecido percorreu todo o meu corpo me fazendo arfar de medo e mesmo sem mais forças em minhas pernas gatinhei para um canto longe do portão e me encolhi ainda mais para que a pessoa que estava ali não me fizesse mal ou que simplesmente se fosse embora.

Para meu desespero ouvi uma porta se abrindo e logo depois se fechar e o medo me trespassaram mais uma vez me fazendo encolher ainda mais enquanto as lágrimas voltavam a descer pelo meu rosto. Olhei para cima quando senti uma presença perto de mim. Assim que os meus olhos desfocados ficaram livres de lagrimas vi um homem alto, com um chapéu negro que cobria metade do seu rosto, vi que seus olhos brilhavam perante a luz fraca do local o que tornou aquele encontro muito sinistro.

Senti meu corpo estremecer quando ele se sentou nas próprias pernas e ficou me encarando como se quisesse ler minha mente simplesmente enquanto me observava com o olhar.

Olhei para os lados com medo que ele me fizesse algo e quando ele ergueu a mão soltei um grito agudo que logo abafei com as minhas próprias mãos. Meu corpo termia compulsivamente e vi que o estranho me olhava surpreendido e ao mesmo tempo confuso como se não tivesse entendido o porque do meu comportamento assustado.

- Calma... - Sua voz grossa e suave sussurrou para mim e quando olhei para as suas mãos grandes vi que suas mãos estavam cobertas por luvas de couro preto. Olhei de novo para ele com medo e ele se afastou um pouco. - Não te vou fazer mal calma. - Sua voz soou calma em meus ouvidos e eu fechei os olhos com força esperando que ele fosse embora.

Mas algo dentro de mim gritava para eu pedir ajuda, mas a minha voz simplesmente não saia estava com ela presa em minha garganta.

O medo mais uma vez me consumia e não me deixava falar, nada saia de dentro de mim, nem um som sequer. Era como se uma pedra travasse a minha fala. Queria correr mais e fugir de novo, mas algo me dizia que eu não podia que aqui estava segura. Olhei de novo para o homem á minha frente que me encarava como se se espera que eu disse-se algo.

- Pode falar garota não te vou fazer mal. - Suspirei e olhei para os lados á procura de perigo ou algo que me disse-se que ele era perigoso e que eu devia fugir. Mas algo me prendia a ele algo muito forte. - Fale... - Ele sussurrou novamente calmamente para mim.

- Por favor, me ajuda. - Sussurrei muito baixo e ele me olhou, eu vi um pequeno sorriso no canto da sua boca e eu fiquei olhando para o seu sorriso e sua beleza.

- Vem... Eu vou cuidar de você! - Ele estendeu a sua mão para mim e eu fiquei olhando sua mão grossa e com um suspiro coloquei a minha mão na sua enquanto ele me puxava contra o seu corpo.