Eu revirava aquele pequeno pedaço de papel entre os
meus dedos enquanto meus olhos estava colados na foto que eu tinha do meu
pequeno filho em cima da minha secretária. Minha mãe havia me dado aquela
pequena moldura com a foto de Paul no meu aniversário á dois meses atrás.
Olhar para aquela foto era quase como olhar para o Zac
quando ele era mais novo e isso cortava o meu coração, porque isso me lembrava
ele. Stralla havia me mostrado uma vez o álbum de fotos de quando ele era bebé
e sem dúvida eles eram iguais. O mesmo tom loiro do cabelo, os mesmos olhos e
até mesmo a forma de segurar nos brinquedos. Seria doce se tudo no meu filho
não me lembrasse o meu único amor.
Olhei novamente para o papel em minhas mãos e suspirei.
Ele estava pedindo para eu ligar para ele depois de dois anos sem dar notícias,
pedir desculpa ou me procurar. Eu podia ignorar novamente o seu pedido como eu
havia feito na primeira vez, mas eu tinha a leve impressão de que isso iria
continuar até que ele me chateasse o suficiente e eu agisse por impulso. Ele
sabia que eu faria isso.
Bufei e peguei no telefone. Melhor acabar com essa
merda de uma vez por todas. Disquei rapidamente o número tão conhecido para mim
e esperei. Chamou três vezes até que alguém atendeu.
- Efron.
- O que você
quer depois de dois anos Efron? - Perguntei sem esperar mais, só de ouvir a sua
voz estava fazendo todo o meu corpo estremecer de saudade e raiva. Raiva de mim
mesma por ainda me deixar influenciar pela sua voz. Era para eu já estar
completamente curada desse amor.
- Vanessa? – A sua voz parecia surpresa e
eu podia ouvir ele se mover de algum lugar junto com a voz de Ashley atrás
repetindo meu nome. – Você me ligou
graças a deus. Achei que tinha que continuar desenterrando casos e mais casos
sobre mim e Castaldini para você me ligar. Estava até planeando meu próximo ...
- Não precisa
subornar mais ninguém para chamar a minha atenção. – Cortei antes que ele
continuasse o que tinha a dizer. Ele estava me enrolando e eu não tinha mais
paciência para esse tipo de conversa fiada. – Vamos diretos ao assunto. O que
você quer? – Perguntei mais uma vez tentando mostrar toda a frieza que
conseguia em minha voz. Mas eu estava falhando, podia sentir as lágrimas se
formando em redor da minha garganta, a fechando. Droga.
- Tem como você passar aqui pela mansão?
Preciso da sua ajuda. – Ele suspirou e pode ouvir uma nota de desespero da
sua voz.
- Minha ajuda
no que? – Perguntei após engolir em seco e passando a mão no cabelo tentando me
controlar. Eu podia sentir as lágrimas se amontoando em meus olhos a cada
segundo que passava.
- Falo com você quando chegar aqui. Por favor.
- Porque que
eu devo te ajudar depois do que você fez à dois anos atrás?
- Por favor Vanessa confia em mim?
- Da mesma
forma que você confiou em mim à dois anos atrás?
- Vanessa eu sei que nós temos que conversar
sobre o que aconteceu há dois anos atrás mas agora isso não está em primeiro
lugar. Eu preciso da sua ajuda como uma federal.
- Estarei ai
em duas horas tenho que ir buscar uma pessoa antes de ir para ai. – Respondi
pegando nas minhas chaves e no meu casaco. Como o telefone era de mão livre eu
poderia deixar o telefone na recepção para depois ser recolocado no escritório.
- Uma pessoa? Seu marido? Namorado?
- Alguém mais
pequeno. Alguém que você e eu fizemos à dois anos atrás. – Respondi desligando
o telefone e o entregando ao meu subagente.
[...]
Assim que entrei dentro de casa pode ouvir os gritos
animados e gargalhadas do meu pequeno filho. Sorri enquanto caminhava em
direção ao som. Achei minha mãe Gina brincando com Paul no parquinho improvisado
que havia ali no canto com alguns carrinhos que ao andarem brilhavam, isso
chamava a atenção total do meu filho o fazendo rir e gritar, como se pedisse
por mais. Cheguei perto deles e me sentei no sofá mais perto dos dois.
- Estou vendo o quão divertido está essa brincadeira.
– Falei chamando a atenção dos dois. Assim que ele me viu um enorme sorriso se
abriu em sua boca e ele se ergueu do chão e tentou caminhar até mim se
segurando nos moveis que havia perto dele.
- Mamã! – Ele balbuciou assim que se jogou em meu
braços. Ri da sua alegria e peguei nele ao colo. – Mamã!
- Sim amor sou eu. – Beijei a sua cabeça e olhei na
direção da minha mãe. – Preciso que você prepare uma pequena mala com fraldas e
duas mudas de roupa para Paul. Irei até à Mansão Efron agora.
- O que você vai fazer lá minha filha? – Ela perguntou
enquanto seus olhos se abriam em espanto.
- Zac estava desenterrando o seu caso de propósito
para chamar a minha atenção. Liguei para ele depois que o chefe de narcóticos
saiu da minha sala, precisava de saber o que ele estava querendo com tudo isso.
Ele disse que precisa de mim, como uma federal.
- Você ligou para ele então? – Ela disse arrumando os
brinquedos de Paul dentro do baú que eu havia colocado ali para nada ficar
espalhado pela casa. – Mesmo depois de todo aquele discurso da semana passada?
- Sim. Tinha que parar com isso. Estava chamando
atenção demais mãe. – Expliquei penteando o cabelo dourado do meu filho
enquanto ele puxava levemente o meu.
- Alguma coisa grave?
- Não sei ele só me pediu para eu ir lá.
- E vai levar Paul com você? Acha seguro levar o filho
dele? Tudo bem que ele é o pai mas ele pode não deixar você sair de lá com ele.
– Ela disse se sentando no puff azul que eu usava para brincar com Paul.
- Mãe, não importa o que ele quer. O filho é meu. Ele
não irá tocar nele. Sou uma agente federal tenho a lei do meu lado caso eu
decida abrir a boca sobre todos os crimes que ele comete ao longo da sua vida. Ele
estaria completamente manchado a partir do momento em que eu abrisse a boca,
aposto que ele saberá disso caso tenha a ideia de tentar tirar meu filho de
mim.
- Você mandaria o único cara que você amou e pai do
seu filho para a prisão só para ele não chegar perto do seu filho? – Ela
perguntou arregalando os olhos espantada.
- Antes de ser uma mulher apaixonada eu sou uma mãe. –
Respondi dando um sorriso frio em sua direção. – Sou uma mãe que protege seu
filho.
[...]
Tomei um longo banho fazendo com que a água quente
relaxasse um pouco os meus músculos dos ombros antes de tomar o meu caminho até
à Mansão Efron.
Por mais que eu quisesse ignorar, os meus nervos
estavam me matando, eu iria voltar após dois anos a onde tudo começou.
Após o banho eu tratei de me maquilhar levemente, como
sempre eu fazia para ir trabalhar destacando somente meus olhos com rímel e um
pouco de eyeliner preto. Sai do banheiro usando minha lingerie preta que Gisela
havia me oferecido em meu aniversário e foi em direção ao meu closet para pegar
um vestido. Estava calor e como eu iria trabalhar um vestido era bom.
Optei por um vestido preto até ao joelho que moldava a
minha cintura, com a ilusão de blusa bege de manga curta, uns sapatos pretos de
salto médio. Me olhei no enorme espelho e soltei o meu cabelo que estava preso
no alto da minha cabeça. Meus cabelos que antes eram negros agora era castanhos
claros com as pontas loiras. Ainda continuavam longos, eu gostava dele assim.
Suspirei ao olhar para o meu reflexo. Por mais que eu
tivesse crescido e desenvolvido parecia que eu nunca tinha deixado de ser a
menina mulher que Zac havia resgatado no portão da sua casa. Meus olhos que
quando estavam com eles eram cheios de luz e brilho, hoje estão escuros guardando
segredos e dores que ninguém soube ou viu.
Eu já não sou mais aquela menina mulher que ele
resgatou. Estou mais madura, mais sábia.
Dei as costas para a minha imagem refletida, fugindo
dos meus próprios pensamentos e peguei na minha bolsa. Eu tinha uma hora para chegar à Mansão que
ficava em a meia hora do lugar onde eu morava agora. Do outro lado da cidade.
Assim que cheguei à sala minha mãe estava terminando
de arrumar a bolsa de Paul para a viagem.
- Tudo pronto? – Perguntei indo em direção à cozinha.
Eu precisava de comer antes de ir embora. Já passava
da hora do almoço e eu não teria tempo para fazer uma refeição.
- Sim. Coloquei tudo como você pediu filha. – Ela
disse vindo atrás de mim, deixando Paul brincando com o carrinho no parquinho.
– Você tem a certeza disso?
- Mãe, eu não tenho nada que temer. – Disse pegando um
iogurte dentro da geladeira.
- Só não quero que você sofra caso ele faça algum
movimento contra você depois de você ter escondido a sua gravidez. Aquele homem
é perigoso com raiva, você mesma viu isso várias vezes!
- Ele precisa de mim. Não sou eu que preciso dele. –
Disse olhando na sua direção. – E como eu já havia dito eu tenho a justiça do
meu lado. Quem daria a guarda a um criminoso?
- Só tome cuidado ok?
- Não se preocupe, quando eu chegar lá eu mando
mensagem.
[...]
Assim que estacionei o carro dentro do pátio principal
da Mansão pode ver que a fila que eles havia formado no dia que eu parti estava
lá novamente. Aquela imagem nunca havia saído da minha mente, marcadas a ferro.
Como os vidros do meu carro são negros eles nada
conseguiam ver para dentro do mesmo, deixando Paul no escuro ainda. Isso me
daria mais tempo para saber o que dizer antes de pegar nele.
Me virei para trás e sorri. A minha mãe havia vestido
o meu bebe com uma calça jeans claras de cintura baixa, uma blusa de alça preta
e uns tênis pretos também. Como dentro do carro estava calor eu acabei tirando
seu gorro.
Estava um pequeno jovem. Tão lindo e arrumado. Meu
pequeno homenzinho.
Respirei fundo e olhei novamente para a entrada da
mansão onde eles estavam me esperando. Me olhei rapidamente pelo espelho e
tentei manter a minha expressão mais fria possível. Era agora ou nunca. Sai do
carro respirando calmamente, mantendo os meus nervos sobre controle.
No momento em que estava completamente fora do meu
carro olhei em volta. Tudo parecia igual, tirando a quantidade quase alarmante
de seguranças que agora havia ao redor da propriedade.
Algo estava acontecendo eu podia ver isso.
Como Paul ainda estava dormindo o deixei um pouco mais
dentro do carro e caminhei em direção à família que há dois anos atrás havia me
acolhido com tanto amor e carinho. Stralla estava agarrada ao braço de David
com lágrimas nos olhos, Ashley estava ao lado do marido que segurava uma
pequena criança de alguns meses de vida nos braços, Dylan estava ao lado de
Zac.
Zac estava diferente. Seu rosto parecia mais duro e
frio, seus olhos estavam vazios e o seu corpo estava tenso. Desviei meus olhos
e olhei novamente para todos. Eu não queria olhar para ele e voltar a sentir
meu coração bater descompassadamente. Ele me deixava nervosa.
- Então aqui estou eu. – Disse cruzando os braços na
frente do peito sem sair da frente do meu carro. Assim eu poderia ouvir caso
Paul acordasse antes que eu pegasse nele. – Porque que eu estou aqui? E porque
que precisam da minha ajuda como federal?
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Look da Vanessa e do Paul:
Oie meninas!
Aqui esta mais um capitulo para todas vocês! Espero que gostem!
Comentem bastante porque conto escrever mais quatro capitulo até terminar esse blog!
Beijos e até ao proximo capitulo!